Sunday, September 15, 2013

A chuva da última quinta-feira tornou ainda mais difícil uma tarefa nada simples: sair do centro do Recife em direção à Zona Sul em horário de pico. De carro, bicicleta, skate, patins e até a pé, 15 voluntários do Desafio Intermodal (DIM) 2013 partiram às 18h do bairro de Santo Antônio em direção a Boa Viagem. No quesito tempo, a bicicleta levou a melhor. Os carros — um comum e um táxi — tiveram desempenhos pífios. Até Tarcizio Gouveia, que fez o percurso correndo, chegou antes dos automóveis. 

A competição entre veículos, no entanto, é o que menos interessa na discussão levantada pelo Movimento Direitos Urbanos e pelo Observatório do Recife, organizadores do evento. Às vésperas da Semana da Mobilidade, que começa nesta segunda-feira e vai até o dia 22, os que se aventuraram pelas ruas da cidade naquela noite chuvosa ajudaram a comprovar - mais uma vez - que o verdadeiro desafio do Recife é conseguir ser, de fato, intermodal.


Uma hora e meia após a largada, todos os participantes já haviam chegado ao destino final. Sob uma chuva fria que não dava trégua, sobravam críticas ao trânsito, às calçadas, à educação dos motoristas, ao lixo acumulado na cidade, à falta de informação nas paradas de ônibus em todo o trajeto de cerca de 9,5 km. Motoristas estressados colocavam em risco ciclistas que, sem infraestrutura cicloviária satisfatória, tentavam ocupar o lugar que o Código de Trânsito Brasileiro lhes reservou nas ruas e avenidas. Sem informações sobre os horários dos ônibus, usuários do transporte público estão condenados a perder tempo. Primeiro na parada. Depois, no trânsito. No Recife, o básico está em falta.

Um dia antes do desafio, o Diario fez o trajeto escolhido pela maioria dos participantes do DIM, passando pelo Cais José Estelita e pela Avenida Domingos Ferreira para sair da Praça da Independência, no bairro de Santo Antônio, e chegar ao Shopping Recife. No percurso, encontrou Edvaldo José do Nascimento, porteiro de 53 anos. Ele é um dos milhares de ciclistas que o Recife teima em manter invisíveis. Todos os dias, Edvaldo pedala cerca de uma hora, do Ibura, onde mora, ao Pina, onde trabalha. Segue devagar, pelo canto direito, prestando atenção ao fluxo do trânsito e aos buracos. “Se tivesse ciclofaixa, seria bem melhor”, disse. 

Informações: Diário de Pernambuco

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